SP tem ‘explosão’ de internações psiquiátricas involuntárias

11 de março de 20223min16
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Estudo científico inédito, produzido pela psiquiatra Christina Fornazari, da Unifesp, e Martha Canfield, da King’s College de Londres, com supervisão do psiquiatra Ronaldo Laranjeira, presidente da SPDM, teve como base quase 65 mil casos e apontou a falta de leitos na capital paulista para internações de pacientes com quadros psiquiátricos mais graves

O estudo científico recém-publicado pelo Brazilian Journal of Psychiatry mostra que a capital paulista viveu, no período de 2003 a 2019, uma “explosão” nas internações psiquiátricas involuntárias – feitas sem o consentimento do paciente, a pedido de um familiar ou responsável.

O artigo apontou que houve em 2019 um índice de 25,5 internações involuntárias de saúde mental por 100 mil habitantes na capital paulista, 340% a mais do que as 5,8 por 100 mil habitantes registradas em 2003.

O estudo, o primeiro em larga escala desta natureza já feito no Brasil, também indica falta de leitos psiquiátricos suficientes para receber a demanda. Apesar da taxa crescente de internações involuntárias, a maioria dos pacientes não fica mais do que uma semana na unidade, e apenas 13% dos pacientes são readmitidos.

A maioria dos pacientes psiquiátricos internados voluntariamente eram solteiros e com idades entre 18 e 39 anos, as razões mais comuns para as hospitalizações foram distúrbios psicóticos e esquizofrenia.

Foram encontrados falta ou incompletude de dados de admissão e alta em aproximadamente metade do total de registros de internação psiquiátrica avaliados. “A falta de informações consistentes entregues ao MPSP (Ministério Público de São Paulo) sobre os motivos de IPIs (internações psiquiátricas involuntárias) é preocupante. São necessárias mais pesquisas para entender os motivos dessas baixas taxas de reporte. Semelhante a relatos de outros países, a progressiva redução de leitos psiquiátricos no Brasil nos últimos 20 anos pode ter contribuído para o aumento das taxas de IPI observado em nosso estudo”, apontam os autores do artigo.

O estudo também cita que, enquanto no período entre 2005 e 2016 a população do país cresceu 11%, o número de brasileiros em risco de internação psiquiátrica por transtorno de saúde mental grave teve aumento de 12% enquanto o total de leitos psiquiátricos disponíveis em hospitais gerais registrou a diminuição de 39%.

Para ler o artigo completo acesse: https://www.scielo.br/j/rbp/a/nNjjRWrLJHHDfZfNtrrXfDQ/?lang=en


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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