‘Não ser o único afetado é um fator protetor no trauma coletivo’
A tempestade no Rio Grande do Sul causou uma devastação imensa, arrastando casas, ceifando vidas e impedindo as pessoas de trabalharem ou desfrutarem da segurança do lar. Esse evento não trouxe apenas perdas materiais, mas também impactos profundos na saúde mental. Milhares de pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas, sem saber quando poderão retornar às suas casas e muitas vezes sem recursos para recomeçar.
O psicólogo Christian Haag Kristensen, da PUC-RS, destaca que para muitas pessoas, as perdas materiais representam a destruição de suas vidas e memórias. Seu grupo orienta voluntários que prestam primeiros socorros psicológicos às vítimas. Ele explica que a catástrofe gerou reações agudas de estresse, como confusão mental, cansaço e impacto nas relações interpessoais, que tendem a diminuir com o tempo para a maioria, mas podem evoluir para transtornos mentais em alguns casos.
As estratégias para enfrentar o trauma incluem normalizar as respostas emocionais, manter uma rotina, praticar atividades físicas e reconectar-se com grupos de apoio. Evitar exposição excessiva a notícias sobre a enchente também é recomendado. Para lidar com a incerteza e o sentimento de impotência, é importante focar no que pode ser feito para ajudar, mesmo à distância, e não prometer o que não se pode cumprir.
O Rio Grande do Sul, historicamente com altas taxas de suicídio, enfrenta agora o desafio de reconstruir dispositivos de saúde mental nas áreas afetadas, com um foco na esperança e na recuperação a longo prazo.
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