Psychiatric complications of alcoholism: alcohol withdrawal syndrome and other psychiatric disorders.
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Complicações psiquiátricas do uso crônico do álcool: síndrome de abstinência e outras doenças psiquiátricas.
Psychiatric complications of alcoholism: alcohol withdrawal syndrome and other psychiatric disorders.
Cláudia Maciel
Florence Kerr-Corrêa
A síndrome de abstinência alcoólica (SAA) é responsável por um aumento significativo na morbidade e mortalidade associadas ao consumo de álcool e é um dos critérios diagnósticos da síndrome de dependência de álcool. Caracteriza-se por sinais e sintomas decorrentes de uma interrupção total ou parcial de consumo de bebidas alcoólicas em dependentes que apresentam um consumo prévio significativo. Esses sinais e sintomas não são específicos somente da síndrome de abstinência alcoólica, podendo estar presentes em outras síndromes de abstinência (por benzodizepínicos, por exemplo). São, ainda, insidiosos e pouco específicos, o que torna seu reconhecimento e avaliação processos complexos; variam quanto à intensidade e gravidade, podendo aparecer, como dito, após uma redução parcial ou total da dose usualmente utilizada. Os sinais e sintomas mais comuns da SAA são, entre outros, agitação, ansiedade, alterações de humor (disforia), tremores, náuseas, vômitos, taquicardia e hipertensão arterial.
Este artigo tem por objetivo descrever as principais complicações secundárias a SAA bem com o seu tratamento. Algumas delas são bastante comuns (convulsões e alucinações); outras, mais graves e menos comuns (delirium tremens). Além disso, descreve e propõe o tratamento de outras complicações associadas ao dependência de álcool como o síndrome de Wernicke Korsakoff e o de Marchiava Bignami)12.
Convulsões
Quadros convulsivos secundários ao abuso/dependência de álcool não são raros, bem como não é incomum a piora do controle de convulsões em pacientes com história prévia de convulsões (idiopáticas ou não)10. As convulsões secundárias a quadros de abstinência alcoólica são, geralmente, do tipo tônico-clônicas (ou “grande mal”), únicas, e incidem nas
primeiras 48 horas (com pico entre 13 e 24 horas) após a suspensão ou redução do consumo de álcool. Entretanto, sintomas focais podem aparecer em cerca de 5% dos quadros convulsivos secundários à abstinência alcoólica. Quase sempre, o aparecimento de convulsões está associado a quadros mais graves de abstinência alcoólica, e grande parte dos pacientes que não são tratados adequadamente evolui para delirium tremens