O modelo social de recuperação: Adolescentes e NA

21 de janeiro de 20095min9

Social Recovery Model: An 8-Year Investigation of Adolescent 12-Step Group Involvement Following Inpatient Treatment.

John F. Kelly, Sandra A. Brown, Ana Abrantes, Christopher W. Kahler, and Mark Myers.
Alcoholism: Clinical and Experimental Research.
Vol. 32, No. 8 August 2008, pp 1-11.

CONTEXTO: Apesar de largamente reconhecida a utilidade de grupos de mútua ajuda como os AA (Alcoólicos Anônimos) e o NA (Narcóticos Anônimos) em aumentar taxas de abstinência do uso de álcool e outras drogas, assim como, em ajudar a reduzir custos em cuidados de saúde para adultos comparativamente pouco se sabe sobre o quão útil estas organizações podem ser nos cuidados da recuperação de uma população de jovens adolescentes.

OBJETIVOS: Responder as seguintes questões: qual é a proporção de jovens que verdadeiramente utilizam AA/NA? Qual jovem é particularmente mais responsivo às reuniões do AA/ NA ou quais são os preditores de maior freqüência às reuniões ? Com que freqüência um jovem deveria ser exposto ao AA/NA ou qual é a “dose” de tratamento necessário para melhores resultados? Como se comporta a freqüência de atendimento ao AA/NA em longo prazo no processo de recuperação ?

MÉTODOS: Este estudo longitudinal avaliou n=166 adolescentes, com média de 16 anos e 40% de meninas, durante 8 anos de seguimento após terem concluído um período de até 6 semanas de tratamento em regime de internação residencial baseado no modelo dos 12 passos na cidade de San Diego, Califórnia, EUA. A amostra ao final de 8 anos foi de 83.7% (n=139). A “droga de escolha” mais comumente utilizada por estes adolescentes foi anfetaminas (53%), seguido por maconha (32%), alucinógenos (7%), álcool (3%) e opióides em menos de 1%.
Os adolescentes foram avaliados 6 meses, 1-2-4-6 anos após a alta do tratamento residencial. O Customary Drinking and Drug Use Record (CDDR), Structured Clinical Interview (SCI), SES (Escala para avaliar status educacional e ocupacional) e o Conduct Disorder Questionaire (CDQ) foram as escalas utilizadas como medidas de desfecho.
Para análise dos dados foi utilizado o modelo de regressão logística (LOWESS) para avaliar as variáveis estudadas.

RESULTADOS: Apesar do declínio da taxa de freqüência de participação às reuniões ao longo do tempo, os efeitos relacionados ao AA/NA permanecem significantes e consistentes. Ao final de 8 anos cerca de 3% seguiam semanalmente, 20% mensalmente e 30% com qualquer participação.
Pacientes com maior grau de severidade dos problemas relacionados ao uso de substâncias e aqueles que acreditavam que não poderiam no futuro fazer um uso moderado das substâncias apresentaram melhor adesão ao AA/NA.
Quanto mais precoce e mais intensamente o jovem for exposto às reuniões de AA/NA melhores são os resultados com relação à diminuição do uso de substâncias. É importante sobretudo que exista uma adequação das reuniões para este público em particular.

LIMITAÇÕES: Os autores alertam que as generalizações deste estudo devem ser cautelosas já que utilizou uma medida simples de freqüência às reuniões de AA/NA ao invés de também avaliarem o grau de envolvimento. Assim como, não foi utilizado testes de urina para avaliar as taxas de abstinência, uma vez que estas foram baseadas no auto-relato, o que é passível de viés. Outra não generalização, é o fato da amostra ser predominantemente de usuários de anfetaminas o que nem sempre é representativo de jovens de outras localidades do mundo e do próprio EUA.

CONCLUSÃO: Quanto mais bem sucedido é o engajamento do jovem adolescente em um programa baseado no modelo de apoio/suporte social pos tratamento, melhores serão as chances em longo prazo de implicações quanto ao uso de álcool e drogas na transição para a vida adulta.

Alessandra Diehl Reis (UNIAD/UNIFESP)
alediehl@terra.com.br


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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