Nota da Academia Nacional de Medicina em relação ao Cigarro Eletrônico

25 de outubro de 20213min5
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Em face de notícias na imprensa, relatando que fabricante de cigarros contratou políticos para atuar em favor dos seus interesses, a Academia Nacional de Medicina emite esta nota de preocupação e alerta.

No momento, discute-se na Anvisa temas relacionados à comercialização de cigarros eletrônicos no Brasil. São aparelhos que liberam vapor de nicotina e solventes químicos tóxicos (o cigarro eletrônico não queima tabaco, vaporiza líquidos) propostos pela indústria como forma de reduzir o uso de cigarro pelos fumantes. A realidade, no entanto, não sustenta esse conceito como estratégia de redução do tabagismo. Nos cigarros eletrônicos são utilizados sais de nicotina, uma nova e muito mais poderosa forma de dependência, que proporciona vaporizações mais velozes e intensas, fornecendo tanta nicotina quanto a contida num maço de cigarro convencional. Também, o uso de cigarros eletrônicos por adolescentes aumenta o risco de se tornarem fumantes e absorverem outras substâncias tóxicas por via inalatória. O comércio ilegal dos líquidos a serem vaporizados, é também grande preocupação para a Saúde Pública, pois podem conter substâncias lícitas ou ilícitas. Mais ainda, o uso de cigarros eletrônicos causa agravamento da asma e da doença pulmonar obstrutiva crônica, doenças altamente associadas ao tabagismo, além de aumentar a chance de infarto agudo do miocárdio.

Por força de política consistente, o Brasil reduziu dramaticamente o tabagismo em nossa população. É preocupante que existam tentativas de introduzir no mercado mais instrumentos de intoxicação e agravo à saúde humana. Temos certeza de que a Anvisa e todas as áreas da Saúde saberão evitar que pressões lobistas nos conduzam a um retrocesso, onde o lucro se obtém a expensas de saúde da nova geração de brasileiros.

Acadêmico Rubens Belfort Junior – Presidente da Academia Nacional de Medicina
Comissão sobre cigarro eletrônico e saúde da ANM
Acadêmico Carlos Alberto de Barros Franco – Coordenador
Acadêmico José Gomes Temporão
Acadêmico José Luiz Gomes do Amaral
Acadêmica Patricia Rieken Macêdo Rocco
Acadêmico Paulo Hilário Nascimento Saldiva
Acadêmico Walter Araujo Zin


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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