5 de dezembro de 2024

Contra a Descriminalização da maconha

1 de janeiro de 20144min141

Acesse: Contra a descriminalização da Maconha por Ronaldo  Laranjeira.pdf 

Contra a Descriminalização da maconha

Por Ronaldo Laranjeira

Em busca da racionalidade perdida
2008

Nos últimos anos temos assistido a um intenso debate sobre a legalização de drogas no Brasil. A própria intensidade com que esse debate tem sido travado mostra que o assunto drogas produz um efeito nas pessoas, que se sentem levadas a ter muitas certezas e a ficar de um lado ou de outro da legalização. Mostra também que o debate é profundamente ideológico e que, após ouvirmos os lados favoráveis à legalização e à proibição pura e simples, não ficamos mais esclarecidos a respeito da melhor política a ser seguida. Quando somente um dos aspectos de uma política de drogas, ou seja, o status legal de uma droga, torna-se o assunto principal do debate, é como se o rabo estivesse abanando o cachorro e não o contrário.
O objetivo deste tópico é:
1) avaliar a racionalidade e a oportunidade desse debate como tem sido veiculado;
2) tentar estabelecer pontes com outras drogas de abuso;
3) avaliar os dados disponíveis sobre o efeito da legalização de uma droga;
4) propor uma alternativa de política de drogas baseada em objetivos claros a serem alcançados.
A racionalidade da legalização de uma droga
A intensidade do debate sobre as drogas pode dar a impressão de que a sociedade sempre reagiu de uma forma eficiente ao longo do tempo. Entretanto, historicamente a sociedade não tem avaliado muito bem os riscos do uso de uma nova droga ou uma nova forma de uso de uma velha droga. Por exemplo, a partir do começo do século XX, inovações tecnológicas simplificaram a produção dos cigarros e fizeram com que a absorção da nicotina se tornasse muito mais eficaz do que ocorria quando a produção era artesanal. Além disso, o preço do cigarro caiu drasticamente. Progressivamente, houve um aumento no número de fumantes em todo o mundo e por muitos anos os danos físicos associados ao cigarro não foram identificados. Muitos governos chegavam a estimular o consumo do fumo, motivados pela arrecadação com impostos. Foram necessários mais de quarenta anos para que os países desenvolvidos identificassem os males causados pelo fumo de uma forma definitiva e outros vinte anos para que implementassem políticas que pudessem começar a reverter a situação. Essa lentidão no reconhecimento dos danos em algumas situações sociais demonstra que mudanças no status de qualquer droga, principalmente quando o aumento de consumo for uma das possibilidades, devem ser encaradas com extremo cuidado.


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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