Traficante constrói pavilhão vip em penitenciária

31 de julho de 20169min3
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Como a Folha não vai publicar essa matéria, compartilho na faixa com os amigos.
 
Mauri König
 
O narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, 48 anos, construiu um pavilhão vip dentro da Penitenciária Nacional de Tacumbú, em Assunção, onde cumpre pena de 8 anos por tráfico e lavagem de dinheiro. Dali, ele administrava os negócios na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, segundo a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).
O bunker de Pavão tem cerca de 70 metros quadrados, é revestido com mármore e piso italiano, tem cozinha, dois quartos, um banheiro privativo para ele e outro para visitantes. O lugar tem ainda móveis sob medida, televisores LCD, ar-condicionado, aparelho de som, refrigerador, sala de ginástica, computador com acesso à internet.
A advogada Laura Casuso confirmou à imprensa que Pavão bancou não só a reforma do pavilhão para 120 internos, mas também construiu no presídio banheiros, restaurante, escola, salão de visitas, biblioteca e cancha sintética. Reformou inclusive o gabinete do diretor da penitenciária e paga a comida de pelo menos 100 presos.
No mesmo complexo, outros 3.500 presos vivem em condições subumanas. Pavão tinha uma guarda pessoal de 20 policiais durante 24 horas, segundo denúncia dos presos. Pessoas estranhas à penitenciária teriam se incorporado à segurança dele depois do assassinato do rival Jorge Rafaat Roumani, dia 15 de junho, em Pedro Juan Caballero.
Os carcereiros não tinham acesso ao bunker de Pavão, no segundo andar da penitenciária. Ali ele fazia reuniões com os seus principais colaboradores, encarregados de operar os negócios do tráfico de armas e drogas na fronteira. De acordo com apurações da Senad, muitos desses visitantes nem faziam o registro de entrada na penitenciária.
Pavão estava preso na Penitenciária de Tacumbú desde 2009. Por ordem do presidente Horácio Cartes, foi transferido na terça-feira à noite para o Agrupamento Especializado da Polícia Nacional, também em Assunção.
O serviço de inteligência atribui a Pavão um plano de rebeliões em série nas penitenciárias do país para evitar sua extradição para o Brasil, prevista para o ano que vem. O plano foi descoberto após uma tentativa de fuga em massa em Tacumbú, nesta semana. Os presos usariam dinamite para derrubar um muro da penitenciária.
Horas antes da transferência de Pavão, o presidente já havia destituído a ministra da Justiça, Carla Bacigalupo Planás. O diretor da penitenciária, Luis Barreto, também perdeu o cargo. O novo diretor, Luis Villagra, abriu nesta quinta-feira as portas da penitenciária para a imprensa. Descobriu-se então o luxo em que Pavão vivia.
As autoridades negavam a existência de uma ala vip em Tacumbú. Agora, o novo diretor confirmou que outros 20 presos usufruíam dessa regalia. Entre eles, o ex-militar brasileiro Sérgio Lima dos Santos, protegido de Pavão. A mando do chefe, no dia 15 de junho ele matou com uma metralhadora antiaérea o rival Jorge Rafaat Toumani.
O ministro interino da Justiça, Ever Martínez, pediu que o Ministério Público investigue os privilégios a alguns presos em Tacumbú. Em seu pedido, menciona indícios de suborno e corrupção para garantir o luxo nas celas vips. As autoridades ainda não sabem quanto Pavão gastou nas reformas e quanto pagava a funcionários corruptos pelas mordomias.
 
Prisão e extradição
 
Pavão foi preso em 26 de dezembro de 2009 pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) em uma fazenda na localidade de Yby Yaú, no estado de Concepción, fronteira com o Brasil. Com ele foi preso Carlos Antonio Caballero, o Capilo, líder de uma das células do Primeiro Comando da Capital (PCC) na região.
Em maio de 2014, Pavão foi condenado a uma pena de oito anos de prisão no Paraguai, pelos crimes de lavagem de dinheiro, violação à lei de armas e associação para o crime. Ele cumpria a pena em uma cela de luxo na Penitenciária de Tacumbú.
A previsão é de que Pavão seja extraditado no ano que vem para o Brasil, onde tem três condenações por narcotráfico, lavagem de dinheiro e associação para o crime. As penas variam de 15 a 20 anos de prisão.
Também há um pedido de extradição de Pavão para os Estados Unidos, para onde ele despachou grandes quantidades de cocaína em associação com outros traficantes. Antes ele precisa cumprir a pena de 8 anos no Paraguai.
O traficante brasileiro era um dos donos de 22 aeronaves apreendidas em um hangar no aeroporto de Amambay, estado paraguaio que faz fronteira com o Brasil. Os aviões de pequeno porte eram usados para transportar carregamentos de cocaína da Bolívia e da Colômbia.
 
Tentativa de voltar
No dia seguinte à transferência para o Agrupamento Especializado, Pavão tentou retornar para Tacumbú. O advogado Jorge Prieto alegou que ele corre risco de morte, mas o juiz José Agustín Delmás negou o pedido.
O Agrupamento Especializado está superlotado, com 135 internos. Pavão está na ala dos mais perigosos. Sua cela conta com apenas uma cama, um banheiro e uma mesa. A advogada Laura Casuso leva comida de um restaurante todos os dias para ele.
 
Pavão se inspira em Pablo Escobar
 
O bunker do traficante Jarvis Chimenes Pavão na Penitenciária de Tacumbú contava com móveis finos e muitas estantes e prateleiras com vidro para exibir seus vários objetos de decoração. Entre eles, livros e vídeos sobre o traficante colombiano Pablo Escobar, morto em 1993.
Escobar é uma inspiração para Pavão, que assumiu o epíteto de “rei da fronteira” ao mandar eliminar com artilharia antiaérea o maior rival, Jorge Rafaat Toumani. Associou-se ao Primeiro Comando da Capital (PCC) para assumir o controle do tráfico de drogas e armas na fronteira entre Brasil e Paraguai.
Pavão também gostava de levar uma vida de luxo, assim como fez Escobar no período em que esteve preso. A decoração de Pavão inclui uma reprodução da Santa Ceia, várias caixas decorativas de diferentes cores e tamanho, cinco bolas de futebol em suportes na parede, um violão autografado por um artista brasileiro.
Tinha também um closet repleto de calçados e roupas de marcas famosas, perfumes caros e um refrigerador cheio de bebidas e comida.

 
 

Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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