Prevenção do suicídio exige informação correta, empatia e acesso à ajuda

*Por Adriana Moraes
Mais do que uma campanha, o Setembro Amarelo é um compromisso com a vida. Infelizmente, ainda presenciamos muitas iniciativas que tentam lucrar com cursos e palestras pagos sobre o tema, mas a verdadeira essência desta mobilização é muito maior: salvar vidas!
Em 2024, tive a oportunidade de conversar com o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o psiquiatra Dr. Antônio Geraldo da Silva, uma das vozes mais respeitadas na luta pela saúde mental em nosso país. Sua dedicação e firmeza em defender um Setembro Amarelo ético, gratuito e comprometido com a população refletem o verdadeiro espírito dessa campanha.
A ABP, sob sua liderança, tem desempenhado um papel fundamental ao orientar a sociedade com informações corretas, responsáveis e acessíveis. Para isso, disponibiliza gratuitamente materiais de grande relevância, como:
– Cartilhas para pais e responsáveis sobre como abordar saúde mental e suicídio com crianças e adolescentes;
– Guias para profissionais da imprensa e comunicação, sobre como noticiar casos de forma responsável, prevenindo efeitos nocivos como o Efeito Werther;
– Conteúdos para a população em geral, indicando onde e como buscar ajuda.
Cartilha da ABP orienta influenciadores a comunicar sobre saúde mental com responsabilidade
Além desses materiais, neste ano a ABP lançou uma cartilha especialmente dedicada a influenciadores e criadores de conteúdo: “Como falar sobre Saúde Mental e Setembro Amarelo nas Redes Sociais – Guia para influenciadores e criadores de conteúdo”. O objetivo é orientar a comunicação digital de forma responsável, evitando sensacionalismo e promovendo mensagens que realmente ajudem a salvar vidas.
A cartilha destaca pontos importantes, como, por exemplo, o que os influenciadores devem evitar:
1) Romantizar o sofrimento (“era sensível demais para este mundo…”);
2) Contar detalhes de histórias de suicídio pode gerar gatilhos;
3) Oferecer ajuda “inbox” como se fosse terapeuta;
4) Estimular uso de álcool/drogas como forma de “alívio”;
5) Postar testes de autodiagnóstico (“descubra se você tem depressão em 2 min” = não!);
6) Citar métodos de suicídio;
7) Repostar imagens, bilhetes ou áudios sensacionalistas;
8) Dizer “vai passar” ou “pense positivo” como se fosse solução mágica;
9) Sugerir “tratamentos” sem embasamento (“chá de camomila resolve”, “corre que passa”, “desconecta da internet que melhora”…);
10) Divulgar jogos de azar.
Que cartilha especial, com dicas valiosas sobre tom, linguagem e forma, ela orienta o que você pode e deve comunicar. Entre as recomendações, está o incentivo à busca por ajuda profissional (psiquiatras, psicólogos, CAPS etc.).
Mais que uma campanha, um chamado para salvar vidas
A mensagem da ABP e do Dr. Antônio Geraldo é clara: o Setembro Amarelo não é um espaço para oportunismo comercial, mas um chamado para salvar vidas. A prioridade é sempre auxiliar quem sofre a encontrar acolhimento, tratamento e esperança, não apenas em setembro, mas em todos os dias do ano.
Graças à liderança do Dr. Antônio Geraldo, o Setembro Amarelo segue firme em sua essência: uma campanha séria, que coloca a vida e a dignidade humana acima de qualquer interesse. Em 2025, mês da Campanha de Prevenção ao Suicídio, reforçamos o tema: Se precisar, peça ajuda!
Cartilha “Como falar sobre Saúde Mental e Setembro Amarelo nas Redes Sociais – Guia para influenciadores e criadores de conteúdo”: https://www.setembroamarelo.com/_files/ugd/e0f082_cc81fe64baa64cf3a6235ed636fd126b.pdf
*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).