III LENAD: Consumo de cocaína e crack se mantém estável no Brasil, aponta pesquisa

O Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III), coordenado pela psicóloga Dra. Clarice Madruga e realizado pela Unifesp em parceria com a Ipsos, revelou que o consumo de cocaína e crack entre brasileiros com mais de 14 anos se manteve estável na última década, mesmo com o aumento global do uso de substâncias no período pós-pandemia.
A pesquisa, feita em 2023 com mais de 16 mil pessoas em 300 municípios, apontou que 5,38% da população já experimentou cocaína, e 1,39% já usou crack, números similares aos encontrados em 2012. Segundo Clarice, a pandemia atuou como um fator de proteção, reduzindo a frequência de uso em alguns grupos.
Apesar da estabilidade, o estudo mostra dados preocupantes: entre os que já usaram cocaína, 33,2% tornaram-se usuários e, desses, 75% relataram dependência. Mais da metade demonstra preocupação com o próprio consumo e mais de 80% gostariam de parar, mas apenas 10% buscaram tratamento.
De acordo com o estudo, 0,72% da população com 14 anos ou mais relata dependência de cocaína e/ou crack, o que equivale a 1,2 milhão de brasileiros. Apenas 1 em cada 10, contudo, disse ter procurado tratamento.
A pesquisa também aponta a relação entre vulnerabilidade social e o uso de crack, destacando que muitos usuários acabam fora do domicílio e, por isso, não são captados pela pesquisa.
Ainda segundo Clarice Madruga, é essencial fortalecer a atenção básica para identificar precocemente os casos de uso prejudicial e ampliar o acesso ao cuidado.
Foto por Folha de São Paulo
MSc, PhD – UNIFESP
Possui graduação em Psicologia pela PUCRS (2000), Mestrado em Neurociências (UFRGS – 2003), e Mestrado em Psicologia com ênfase em Dependência Química (Substance Misuse, Sussex University – 2006). Tem o Doutorado em Psiquiatria e Psicologia Médica (Universidade Federal de São Paulo / UNIFESP e Kings College London – 2012. Professora afiliada do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, onde concluiu o Pós-doutorado PNPD em 2018 e orientou alunos de mestrado e doutorado. É pesquisadora sênior da Unidade de Pesquisa em Álcool e outras Drogas (UNIAD/UNIFESP), onde coordena o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) e o Levantamento das Cenas de Uso das Capitais (LECUCA). Revisora das principais revistas científicas nacionais e internacionais na área de saúde mental e dependência química. Atua na área da epidemiologia e prevenção do uso de substâncias psicoativas.