10 de outubro de 2024

Fumar menos de um cigarro por dia também mata

6 de dezembro de 20165min6
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El País

Consequências de fumar

Estudo indica que os fumantes esporádicos têm 9 vezes mais riscos de morrer de câncer

Mulher fuma um cigarro diante de uma criança. CARLOS ROSILLO

NUÑO DOMÍNGUEZ

O típico cigarrinho ocasional mata mais do que se esperava. É o que mostra um estudo sobre a saúde de quase 300.000 pessoas. Os indivíduos que fumam menos de um cigarro por dia têm 64% mais riscos de morte prematura que os não fumantes. Já entre os que consomem de um a 10 cigarros por dia, o risco é até 87% maior.

O tabaco mata até um de cada dois fumantes e continua sendo uma das principais causas de morte evitáveis, segundo a Organização Mundial da Saúde. Essa droga legal mata 5 milhões de pessoas por ano, mais que os acidentes de trânsito, o HIV e o suicídio juntos.

“Não existe um nível seguro de exposição à fumaça do cigarro”, diz Maki Inoue-Choi, pesquisador do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos e autor principal do trabalho. “Fumar poucos cigarros por dia tem importantes efeitos na saúde”, o que confirma que deixar o hábito de fumar “beneficia todos os fumantes, sem importar a quantidade de tabaco consumida”, disseram os autores em nota divulgada por sua instituição. Apesar das muitas provas, ainda há uma falsa “percepção, especialmente entre os jovens, de que este nível de consumo é seguro”, diz o estudo.

O artigo, publicado na revista médica JAMA Internal Medicine, analisou 290.000 norte-americanos com idades entre 59 e 82 anos ao longo de sua vida. Os dados mostram que as pessoas que fumam menos de um cigarro por dia têm 9 vezes mais risco de morrer de câncer de pulmão. As que fumam entre um e 10 cigarros por dia multiplicam o risco por 12. Este segundo grupo também tem 6 vezes mais chances de morrer por doenças respiratórias e 1,5 vezes mais de ter doenças cardiovasculares. Os resultados foram similares entre homens e mulheres. A maioria dos participantes que diziam fumar menos de um cigarro por dia havia fumado mais antes.

O impacto na saúde pública pode ser inclusive maior do que o estimado. A maioria dos participantes eram brancos, o que deixa de fora os negros e outros grupos que apresentaram o consumo de tabaco mais elevado durante décadas. Os responsáveis pela análise reconhecem algumas limitações. Baseiam-se em enquetes, por exemplo. E o número de “fumantes de baixa intensidade” é relativamente pequeno, o que dificultou precisar o impacto dos hábitos de diferentes fumantes esporádicos na saúde.

“Os resultados são totalmente generalizáveis”, diz Esteve Fernández, pesquisador do Instituto Catalão de Oncologia. Esse especialista em tabagismo ressalta a importância do estudo para quantificar os efeitos dos fumantes ocasionais, um perfil bem conhecido na Espanha embora pouco estudado. “Nós os chamamos de fumantes contentes: acham que controlam os riscos para a saúde, ainda que lhes digamos que qualquer dose de tabaco é ruim”, afirma. Entre esses consumidores, existe a falsa percepção de que fumar tabaco de enrolar ou consumir poucos cigarros desse tipo “é mais saudável, mas demonstramos que seus níveis de nicotina na saliva são os mesmos”, completa.

 
 

Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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