7 de outubro de 2024

Efeitos negativos da maconha

31 de julho de 201618min1005
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*Por Adriana Moraes

A maconha é a substância proibida por lei mais usada em nosso país. Trata-se de uma erva polêmica que gera discussões, em especial sobre a possível descriminalização e seus malefícios.

Descriminalizar significa retirar do consumo de drogas o caráter criminoso, isentar, inocentar, ou seja, não penalizar o consumo.

A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que haja 181,8 milhões de usuários de cannabis, em suas preparações mais comuns, como maconha e haxixe, com idade entre 15 e 64 anos no mundo. [1]

No Brasil cerca de 1,5 milhão de adolescentes e adultos usam maconha diariamente. O dado faz parte do II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), Segundo o estudo, 3,4 milhões de pessoas entre 18 e 59 anos usaram a droga no último ano e 8 milhões já experimentaram maconha  alguma vez na vida, o equivalente a 7% da população brasileira. Desses, 62% deles tiveram contato com a droga antes dos 18 anos. [2]

Seu principal ativo mais importante é o delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC). É a concentração do THC que determina a potência dos efeitos. O THC é rapidamente absorvido dos pulmões para a corrente sanguínea, na qual atinge um pico de concentração 10 minutos após ter sido inalado [3]

O THC afeta primeiramente o funcionamento do sistema vascular e do sistema nervoso central. Muitos estudos demonstram que a intoxicação pelo THC compromete a capacidade de dirigir automóveis e de realizar outras atividades que requeiram maior atenção e coordenação motora até cerca de 10 horas após o uso. [3]

Processo no Supremo Tribunal Federal

A maconha continua sendo uma substância psicoativa proibida por lei, mas não podemos esquecer de que o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá retomar o julgamento sobre a descriminalização das drogas. Até o presente momento três dos onze ministros votaram a favor da descriminalização do uso e porte da maconha:

O ministro Gilmar Mendes relator do processo, votou pela descriminalização do porte de todas as drogas (estimulantes, depressoras, perturbadoras), para consumo próprio.
O ministro Edson Fachin durante seu voto alertou que “É preciso deixar nítido que o consumo de drogas pode acarretar sérios transtornos e danos físicos e psíquicos”, mas defendeu a descriminalização da maconha.
 
Já o ministro Luis Roberto Barroso descriminalizou o uso da maconha e propôs o cultivo de até 06 plantas “fêmeas” e o porte de 25 gramas da erva, (substância perturbadora do sistema nervoso central) por pessoa para consumo próprio.

A expectativa em relação a esse julgamento é enorme, seguimos no aguardo do Supremo.

Efeitos negativos da maconha

Fumar maconha produz mudanças bastante rápidas no humor, percepção de tempo, memória e outros aspectos da função cerebral. Os efeitos mais desejados são uma sensação de euforia, relaxamento e bem-estar geral. [4]

Ansiedade, disforia, pânico e paranoia são os efeitos indesejáveis mais comumente relatados por usuários não familiarizados com seus efeitos. Sintomas psicóticos, como delírios e alucinações, também podem ocorrer com o uso de altas doses. [3]

Síndrome amotivacional

É uma consequência do uso crônico e pesado da maconha. Este quadro é caracterizado pela diminuição da energia e da vontade, assim como prejuízo social e ocupacional significativos. Na síndrome amotivacional nota-se diminuição da capacidade de atenção e julgamento, além de introversão, com diminuição da comunicação e das habilidades sociais.

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**Dr. Claudio Jerônimo da Silva psiquiatra explica que a síndrome amotivacional é muito parecida com a depressão e uma diferença relevante é que na síndrome amotivacional o que acontece de mais importante é uma falta de motivação para realizar as coisas, mas a pessoa continua bem. Já na depressão essa falta de desinteresse deixa a pessoa incomodada, ela não se sente bem e tende a buscar ajuda para sair dessa situação. [5]

 

Principais efeitos causados pelo uso agudo da maconha

Gerais: relaxamento, euforia, pupilas dilatadas, conjuntivas avermelhadas, boca seca, aumento do apetite, rinite, faringite.

Neurológicos: comprometimento da capacidade mental, alteração da percepção, alteração da coordenação motora, maior risco de acidentes, voz pastosa (mole).

Cardiovasculares: aumento dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial.

Psíquicos: despersonalização, ansiedade/confusão, alucinações, perda da capacidade de insights, aumento do risco de sintomas psicóticos entre aqueles com história pessoal ou familiar anterior.

Principais efeitos causados pelo uso crônico da maconha

Gerais: fadiga crônica e letargia, náusea crônica, dor de cabeça, irritabilidade.

Neurológicos: diminuição da coordenação motora, alterações de memória e da concentração, alteração da capacidade visual, alteração do pensamento abstrato.

Psíquicos: depressão e ansiedade, mudanças rápidas de humor, irritabilidade, ataques de pânico, tentativas de suicídio, mudanças de personalidade.

Respiratórios: tosse seca, dor de garganta crônica, congestão nasal, piora da asma. Infecções frequentes dos pulmões, bronquite crônica.

Reprodutivos: infertilidade, problemas menstruais, impotência, diminuição da libido e da satisfação sexual.

Sociais: isolamento social, afastamento do lazer e de outras atividades sociais.

Síndrome de abstinência

Definida como um conjunto de sinais e sintomas que surgem na suspensão do consumo de drogas geradoras de dependência física e psíquica. [3]

Os sintomas de abstinência favorecem para o desenvolvimento da dependência e dificultam a interrupção do uso. A síndrome de abstinência de maconha tem sido descrita por sintomas que desaparecem com a retomada do consumo.

Os principais sintomas relatados são:

 – Desconforto generalizado;

– Fissura;

– Diminuição do apetite;

– Perda de peso;

 – Inquietação;

– Problemas para dormir;

– Agressividade;

– Irritabilidade;

– Tremores;

– Angústia;

– Cansaço;

– Sonhos estranhos;

– Sintomas depressivos.

 

*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).

**Dr. Claudio Jerônimo da Silva – Psiquiatra, Diretor da Unidade Recomeço Helvétia, Diretor da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).

 

Referências:

[1] http://www.uniad.org.br/interatividade/noticias/item/24201-oms-cannabis-%C3%A9-droga-il%C3%ADcita-mais-consumida-no-mundo-com-180-milh%C3%B5es-de-usu%C3%A1rios

[2] Pesquisa do II LENAD (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas São Paulo) – Disponível em: http://inpad.org.br/lenad/resultados/maconha/resultados-preliminares/  acesso em 29/07/2016.

[3] Aconselhamento em dependência química / Neliana Buzi Figlie, Selma Bordin, Ronaldo Laranjeira. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2010.

[4] Prática psicoterápica eficaz dos problemas com álcool e drogas. Arnold M. Washton, Joan E. Zweben; tradução Mônica Armando – Porto Alegre; Artmed, 2009.

[5] http://www.uniad.org.br/interatividade/noticias/item/23150-o-impacto-da-maconha-na-vida-dos-usu%C3%A1rios

 

Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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