“Dois pesos, duas medidas”: Desafios da NR-1 e a saúde mental do trabalhador

A atualização da NR-1 trouxe uma importante exigência: a proteção da saúde mental dos trabalhadores. Contudo, o grande desafio está em saber até que ponto as empresas estão dispostas a rever práticas rentáveis em nome do bem-estar de suas equipes.
Em muitas organizações, decisões de reestruturação e aumento de produtividade continuam priorizando o critério econômico em detrimento da saúde. O RH, frequentemente limitado, é incumbido de promover ações superficiais, como palestras, campanhas e programas de bem-estar, que pouco interferem nas condições reais de trabalho. Assim, problemas estruturais são transformados em questões individuais, e o sofrimento mental é tratado como falta de resiliência.
A NR-1 determina que as empresas identifiquem e controlem riscos psicossociais por meio do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). No entanto, sua efetiva implementação requer mais do que cumprir protocolos: exige repensar a lógica de gestão que sacrifica a saúde em nome do lucro.
Cuidar da saúde mental, portanto, não é oferecer mindfulness ou palestras motivacionais, mas cuidar do trabalho em si, das metas abusivas, jornadas extenuantes e ambientes desumanizados. A pergunta que fica é: as empresas estão realmente preparadas para frear decisões rentáveis que causam adoecimento?
Enquanto a economia e a saúde seguirem em direções opostas, permaneceremos diante de dois pesos e duas medidas, um sistema que valoriza resultados e negligencia as pessoas que os tornam possíveis.
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