28 de março de 2024

Cerca de 250 milhões de pessoas já usaram drogas no mundo

24 de junho de 20166min0
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Site Rádio das Nações Unidas

Cerca de 29 milhões de vítimas sofrem transtornos associados ao consumo; droga mais usada é a canábis, com 182,5 milhões de consumidores; documento menciona casos de Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique.

Usuário de drogas no Afeganistão. Foto: Unodc/A.Scotti

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

As Nações Unidas revelaram que cerca de 5% das pessoas com idade entre 15 e 64 anos usaram pelo menos uma droga em 2014. São cerca de 250 milhões de pessoas, segundo o Relatório Mundial Sobre Drogas 2016.

O estudo destaca que mais de 29 milhões de pessoas sofrem de transtornos relacionados ao uso de drogas. O documento publicado esta quinta-feira, em Genebra, revela haver mais 2 milhões de casos em relação há um ano.

Consumo

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, indica que uma das razões é o aumento do consumo de heroína na América do Norte e em algumas partes da Europa ocidental e central.

Falando à Rádio ONU, na cidade suíça, a chefe da Divisão de Prevenção, Vulnerabilidade e Direitos do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/Sida, Mariângela Simão, disse haver dados essenciais para países lusófonos.

“Alguns dados são bastante importantes para vários países entre os quais os de língua portuguesa nos quais a via da droga injetável não é tão importante mas o aumento substantivo no uso de anfetaminas e estimulantes que está sendo observada em todos os países. É um tipo de comportamento no uso de drogas que inclui a adoção de comportamentos de risco como relações sexuais não protegidas e muitas vezes casos de violência.”

Moçambique

O documento revela que a canábis continua a ser a droga mais usada em todo o mundo com 182,5 milhões de consumidores. O Brasil destruiu mais de 1,3 milhão de plantas em 2014 e Moçambique mais de 1 mil.

Cerca de 207 mil mortes relacionadas às drogas foram relatadas em 2014. O Unodc defende que, apesar de estável, o número é “inaceitável” porque estas podiam ser evitadas se fossem tomadas as medidas adequadas.

Brasil

Entre 1998 e 2014, duplicou a quantidade de cocaína apreendida na América do Sul. No Brasil foram capturados 7% das 392 toneladas em toda a região em 2014.

Mas o país é o ponto de origem mais citado entre as nações latino-americanas que exportam cocaína para mercados não-europeus. O destaque vai para os continentes africano e asiático.

O documento menciona um estudo sobre o uso do crack no Brasil que revela que mais de um terço dos usuários passou mais tempo nas ruas. Menos de um quarto deles tinha ido à escola secundária, embora mais de 95% tenha estudado em algum momento da vida.

Além disso, a prevalência do HIV entre esses usuários foi de 5%, oito vezes maior comparado à população geral do Brasil, estimada em 0,6%.

Lusófonos Africanos

A Guiné-Bissau é citada no relatório pelo aumento das reservas cambiais de US$ 33 milhões em 2003 para US$ 174 milhões em 2008. O aumento foi reflexo de lavagem de dinheiro que teve origem nas drogas.

Cabo Verde teve o maior número de apreensões de cocaína na África Ocidental entre 2009 e 2014. Mas a Itália e a França registaram as maiores apreensões, no que sinaliza o aumento do transporte da droga para a Europa.

Derivados do ópio

Apesar da queda de 38% na produção mundial de ópio, a heroína continua bastante disponível porque os seus traficantes armazenaram grandes stocks das colheitas abundantes dos últimos anos.

Cerca de 17 milhões de usuários de drogas são viciados em opiáceos, que incluem a heroína, ópio e morfina. As substâncias derivadas do ópio continuam a representar a maior ameaça para a saúde dentre as drogas principais.

A Ásia manteve-se o maior mercado de opiáceos do mundo, com cerca de dois terços dos utilizadores que vivem na região.

A continuação do baixo consumo da cocaína nos Estados Unidos e na Europa reduzem o mercado global da droga, enquanto a produção aumenta na Colômbia, o maior produtor mundial da coca.

*Apresentação: Michelle Alves de Lima.


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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