Alunos de EMEI na região central convivem com drogas e sujeira
Jornal O Estado de S.Paulo
Marcel Naves
Moradores em situação de rua ocupam frente de EMEI. Foto Marcel Naves/Tirada com Moto Z Play + Hasselblad True Zoom
Os pais de alunos da Escola Municipal de Ensino Infantil Cásper Líbero reclamam do tráfico de drogas e da falta de limpeza existente no entorno. A EMEI está localizada na Rua Comendador Nestor Pereira, no Canindé, na região central da cidade.
Nas proximidades da instituição de ensino existem cinco centros de acolhida (Vivenda da Cidadania, Samaritanos, Maria Maria, Olarias e Centro de Acolhida Especial para Idosos Sitio das Alamedas) e duas comunidades.
Uma jovem que não quis ser identificada, por questões de segurança, relata que a venda de entorpecentes ocorre a qualquer hora. Segundo ela, os traficantes atuam sem o menor constrangimento, até mesmo na frente de crianças. “O problema aqui é o tráfico de drogas, que está demais, e nem mesmo as crianças são respeitadas”, diz.
Praça Elias Chaibub serve de local para o consumo de drogas. Foto Marcel Naves/Tirada com Moto Z Play + Hasselblad True Zoom
A questão dos moradores de rua também representa outro problema. Durante o dia, mesmo na hora do almoço, é possível observar pessoas deitadas em pleno passeio. Muitas vezes, os pedestres são obrigados a desviar pela rua. “Eles ficam no meio da calçada atrapalhando quem precisa passar. À noite, isto vira um banheiro público”, afirma a dona de casa Sueli Vieira, mãe de uma estudante de 9 anos.
A poucos metros da escola está a Praça Elias Chaibub, que se encontra num verdadeiro estado de abandono. O mato está alto com lixo e restos de fogueira. No entorno, constam ao menos dois pontos de descarte irregular de entulho, com móveis e restos de obras.
Em nota, a Prefeitura justifica a presença de moradores em situação de rua com o fato de ser uma região com vários albergues. A atual gestão ressalta ainda que disponibiliza banheiros e locais para a troca de roupas e que para que se utilize estes espaços basta procurar as portarias dos núcleos. Nada foi dito quanto à limpeza e à conservação dos espaços.
A Secretaria de Segurança de São Paulo comunicou que, baseada na reportagem, irá reorientar o policiamento no bairro do Canindé.
Confira abaixo a íntegra dos comunicados enviados:
“A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) informa que a rua citada conta com um Complexo de Serviços composto por cinco Centros de Acolhida (Vivenda da Cidadania, Samaritanos, Maria Maria, Olarias e o Centro de Acolhida Especial para Idosos Sitio das Alamedas), além de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos.
A SMADS também atua na região por meio do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) atendendo e encaminhando moradores em situação de rua para os serviços da rede socioassistencial como Núcleos de Convivência, onde essas pessoas podem utilizar os banheiros, tomar banho, lavar suas roupas, receber o atendimento social e ser encaminhado para outras políticas publicas de acordo com a sua demanda. A adesão é facultativa.
Grande parte das pessoas que estão na frente do complexo também é atendida no período noturno para o acolhimento, e os banheiros do complexo estão a disposição deles durante o dia. Basta procurar a portaria.
Sobre a utilização da calçada como banheiro público, é importante ressaltar que ações de segurança pública não estão no nosso escopo de atendimento, mas os SEAS também orientam os moradores em situação de rua sobre o que pode e o que não pode ser feito nas ruas”.
“A Polícia Militar irá reorientar o policiamento na região do Canindé a partir dos relatos da reportagem. Em 2016, o trabalho das polícias resultou na prisão em flagrante de 431 pessoas, 9,39% a mais que as efetuadas em 2015. Além disso, foram registradas 163 ocorrências de porte e 87 de tráfico de entorpecentes pelo 12º DP, responsável pelo local”.