Comportamento de busca de ajuda de familiares para seus familiares usuários de substâncias: um estudo transversal nacional no Brasil

O estudo Help-Seeking Behavior among Family Members of Substance Users in Brazil revelou que, embora 92,7% dos familiares tenham procurado ajuda para o parente com problema relacionado ao uso de substâncias, 66% adiaram essa busca por mais de três anos.
O uso problemático de substâncias impacta não apenas o usuário, mas também seus familiares, que frequentemente enfrentam ansiedade, depressão, dificuldades financeiras, violência doméstica e isolamento. O fardo é maior em comparação com quem cuida de pessoas com outros transtornos mentais.
Apesar da maioria dos familiares buscarem ajuda, apenas um quarto o fez logo após identificar o problema. Muitos recorrem a hospitais em momentos de crise, enquanto aqueles que buscaram apoio mais cedo procuraram serviços sociais, CAPS AD ou profissionais de saúde mental.
As principais razões para o adiamento foram a recusa do parente em aceitar ajuda (31,5%) e a crença de que a ajuda não era necessária (20,6%). Mulheres, famílias da região Centro-Oeste, com menor nível socioeconômico ou que enfrentavam o uso de álcool, foram as que mais postergaram a busca, muitas vezes devido ao estigma, desinformação ou dificuldade de acesso aos serviços.
O estudo recomenda a criação de uma estrutura nacional de apoio às famílias, com:
Treinamento de profissionais para acolhimento sem julgamento;
Intervenções familiares baseadas em evidências, como o Método dos 5 Passos;
Estratégias em grupo para ampliar o acesso em regiões vulneráveis.
Artigo publicado na MDPI em 19 de junho de 2025.
Autores: Cassandra Borges Bortolon, Martha Canfield, Maria de Fátima Rato Padin, Jim Orford e Ronaldo Laranjeira.
Link do artigo completo: https://www.mdpi.com/1660-4601/22/6/968