Como ajudar alguém em caso de risco de suicídio?

11 de fevereiro de 20228min417
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*Por Adriana Moraes

Numa conversa com um amigo querido, entre risadas, lembranças boas do passado, num certo momento no meio do bate-papo através de um relato sensível ele revelou sentimentos de tristeza, a falta de autoestima e que tem pensado muito em suicídio, citou a desesperança e visão negativa de sua vida em relação ao futuro.

Por mais que a dor seja do meu amigo, quando vemos alguém sofrendo, parte de nós sofre também. Como ajudar um amigo que criou coragem e através do seu relato pediu socorro? Como ajudar alguém em caso de risco de suicídio? Socorrer, orientar e ajudar alguém em seu momento de desespero e de dor, talvez seja uma das mais lindas faces do amor!

Em todo o mundo, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com esse transtorno. A depressão é uma doença psiquiátrica extremamente séria, o risco de suicídio não pode ser negligenciado, e seu tratamento é muitíssimo importante.

É muito difícil compreender porque uma pessoa decide cometer o suicídio, mas diferente de outras pessoas com pensamentos suicida, meu amigo não se isolou, continua trabalhando, mas está desmotivado e necessita urgente de ajuda especializada, importante lembrar que toda morte por suicídio é uma morte que pode sim, ser evitada.

É necessário buscar entender o sofrimento da pessoa, nem todas as pessoas conseguem se abrir e expressar seus sentimentos. Cabe a nós profissionais de saúde ou mesmo um amigo, um familiar, acolher a pessoa nesse momento de intensa angústia com uma escuta sem julgamentos, aliviando sua dor e orientando em uma construção de uma rede de apoio eficaz e especializada.


Dr. Elson Asevedo

Por que diante de situações semelhantes, algumas pessoas se precipitam num ato suicida e outras não? Em 2019, o psiquiatra Dr. Elson Asevedo, em entrevista para o site da UNIAD, falou sobre prevenção ao suicídio. [1]

Relembre:

“O suicídio pode ser compreendido como um desfecho trágico de uma doença mental. Vários estudos em diversos países tem mostrado que cerca de 95% das pessoas que morreram por suicídio tinham algum transtorno mental. As principais doenças associadas são depressão, transtorno bipolar, dependência de álcool ou outras drogas, esquizofrenia e transtornos de personalidade.

Frequentemente, as pessoas que estão em sofrimento por consequência desses problemas de saúde desenvolvem pensamentos distorcidos que aumentam o risco para comportamento suicida. Por exemplo, eles podem não entender que o que elas tem é um problema de saúde que tem tratamento, e passam a sentir que são um fardo para as pessoas à sua volta. Esse pensamento distorcido, de sentir-se um fardo, pode ser um precipitante para o comportamento suicida. Além disso, a pessoa pode desenvolver o pensamento de que ela não é importante para ninguém, sentir-se isolada, sem laços significativos. Assim, o sofrimento mental intenso, associado a sensação de fardo, sensação de ruptura dos laços significativos e a falta de esperança de que essa situação vai melhorar formam o campo para o desenvolvimento do comportamento suicida”.

Locais de ajuda:

  • CAPS – (Centro de Atenção Psicossocial).
  • SAMU – (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), através do número 192.
  • CVV – (Centro de Valorização da Vida) através do número 188.
  • www.conversasdevida.com – email: contato@conversasdevida.com

Depressão tem tratamento

A ideia do suicídio como um aparente desfecho para uma história de muito sofrimento, de um quadro depressivo, um ato de desespero ou insanidade, reacende uma discussão sobre a dificuldade que é a compreensão e a abordagem destas pessoas no desenrolar de suas tramas pessoais, além das dificuldades de detecção de sinais de desesperança, dos pedidos de ajuda, verbais e não verbais comuns frente ao surgimento do desejo de morte e da própria ideação suicida. [2]

Dr. Elson Asevedo, coordenador do Programa Conversas de Vida – Centro de Promoção de Esperança e Prevenção de Suicídio, destacou que, classicamente, são descritos 4 Ds de risco para suicídio: depressão, desesperança, desamparo e desespero. É importante que todos fiquem atentos aos sinais.

A depressão é uma doença crônica.  Independentemente do grau da doença (leve, moderada, grave), a depressão tem tratamento. Quanto maior o conhecimento sobre depressão e dos riscos de suicídio, maiores as chances de prevenção. Com o apoio de psiquiatras, psicólogos, entre outros profissionais, a pessoa que pensa em tirar sua própria vida terá a chance de contornar seus problemas e redescobrir sua vida! 

Referências:

[1] https://www.uniad.org.br/noticias/entrevistas/setembro-amarelo-confira-a-entrevista-exclusiva-com-o-psiquiatra-elson-asevedo-sobre-prevencao-ao-suicidio/

[2] http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582011000100013

*Adriana Moraes – Psicóloga da SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) – Especialista em Dependência Química – Colaboradora do Site da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas).


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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