29 de março de 2024

Para salvar filhos do crack mães recorrem Justiça

15 de janeiro de 20099min0

Além dos males da droga, dependentes convivem com ameaças de morte constantes.

Lílian Patrícia/Diário de Canoas

Canoas – O desespero de duas mães de viciados em crack as fizeram buscar ajuda da Defensoria Pública para conseguir leitos para seus filhos. A Secretaria Estadual da Saúde anunciou a ampliação dos leitos hospitalares para pacientes psiquiátricos, onde se incluem dependentes químicos. Mas até que a medida torne-se realidade a peregrinação dessas mulheres está longe do fim.

Para conseguir internar um filho – usuário de crack há três anos – por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), uma auxiliar de cozinha de 47 anos percorreu um longo caminho na terça-feira, 13, passando pela polícia, Secretaria Municipal da Saúde, com parada inclusive pelo Diário de Canoas.

Após horas andando pela cidade a mãe encerrou a trajetória daquele dia na Defensoria Pública do Estado, no Centro. “Ele fazia tratamento com o psiquiatra e tomava medicação, mas interrompeu. Meu medo é que com os remédios terminando tenha crises”, relata. De acordo com a mulher, por causa de uma dívida com traficantes o filho não pode sair de casa.

“Ele está ameaçado de morte e voltou para casa hoje (terça-feira) de madrugada depois de três meses sumido”, afirma. Após tantas negativas e justificativas de que não era a função dos órgãos procurados, a mulher conseguiu levar o filho até o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD). No local, o jovem foi atendido por uma psicóloga. “Fui orientada por ela a ir à Defensoria Pública e acionar a Justiça para conseguir um leito.

Porém, para isso, tenho que ter o laudo do psiquiatra, que vai atender meu filho só na quinta-feira (hoje). Vou ter de esperar até que a Justiça decida alguma coisa. Isso vai levar uma semana”, prevê.

A faxineira e mãe de um jovem de 18 anos, que também fuma crack há três, vive a mesma angústia para salvar o filho. O rapaz preso na terça-feira ao tentar roubar um moletom por causa do vício já furtou tudo que a mãe tinha em casa para comprar a droga. O adolescente nega-se a buscar tratamento, e a mãe luta para conseguir uma internação compulsória na Justiça. “Preciso do laudo do psiquiatra atualizado para poder pedir essa internação. O problema é que meu filho não quer ir ao Caps e o psiquiatra não pode vir aqui. Já não sei o que fazer”, diz.

Ajuda vem da Defensoria Pública

O crescimento de dependentes de crack nos últimos dez anos associado à lei antimanicomial tem ampliado o número de pessoas que esperam por um leito psiquiátrico na cidade. Apenas no ano passado 24 mil pacientes foram atendidos no Caps AD. Por dia, dos 23 atendimentos prestados na Defensoria Pública pelo menos dois são de pessoas que tentam internação de dependentes de drogas.

A defensora pública do Estado Fernanda de Souza Moreira, que atua na Comarca de Canoas, salienta que desde a criação da lei antimanicomial houve redução considerável no número de leitos para casos psiquiátricos. “As internações passaram a ser exceções e não regra e, por isso, pouquíssimos hospitais possuem leitos ou alas psiquiátricos.” Atualmente no Estado existem 540 leitos conveniados em 84 hospitais.

Fernanda faz um alerta: o Poder Judiciário deveria ser o último recurso. “Mas quando as famílias não conseguem vaga pela Central de Leitos, elas vêm aqui. Com a decisão judicial o Município ou o Estado são obrigados a conseguir o leito, seja público ou particular.” Como Canoas tem a municipalização plena da Saúde, o Município é responsável por esses casos.

A secretária de Saúde, Beth Colombo, esclarece que o caminho correto é buscar auxílio direto no Caps AD, onde há médicos e profissionais preparados para atender essas pessoas e seus familiares. “Lá, uma equipe definirá o devido encaminhamento do dependente que seguirá o tratamento em casa ou irá para internação”, garante Beth.

O crescimento de dependentes de crack nos últimos dez anos associado à lei antimanicomial tem ampliado o número de pessoas que esperam por um leito psiquiátrico na cidade. Apenas no ano passado 24 mil pacientes foram atendidos no Caps AD. Por dia, dos 23 atendimentos prestados na Defensoria Pública pelo menos dois são de pessoas que tentam internação de dependentes de drogas.

A defensora pública do Estado Fernanda de Souza Moreira, que atua na Comarca de Canoas, salienta que desde a criação da lei antimanicomial houve redução considerável no número de leitos para casos psiquiátricos. “As internações passaram a ser exceções e não regra e, por isso, pouquíssimos hospitais possuem leitos ou alas psiquiátricos.” Atualmente no Estado existem 540 leitos conveniados em 84 hospitais.

Fernanda faz um alerta: o Poder Judiciário deveria ser o último recurso. “Mas quando as famílias não conseguem vaga pela Central de Leitos, elas vêm aqui. Com a decisão judicial o Município ou o Estado são obrigados a conseguir o leito, seja público ou particular.” Como Canoas tem a municipalização plena da Saúde, o Município é responsável por esses casos.

A secretária de Saúde, Beth Colombo, esclarece que o caminho correto é buscar auxílio direto no Caps AD, onde há médicos e profissionais preparados para atender essas pessoas e seus familiares. “Lá, uma equipe definirá o devido encaminhamento do dependente que seguirá o tratamento em casa ou irá para internação”, garante Beth.

Ameaças devem ser denunciadas

No caso de ameaças, como as sofridas pela família da auxiliar de cozinha, a orientação da Brigada Militar é que a pessoa denuncie o caso. O caminho mais seguro, segundo o comandante interino do 15º Batalhão de Polícia Militar, major Gérson Oliveira, é a denuncia anônima. “A pessoa pode ligar para o 3477.8812. Assim, tentaremos encontrar o ponto de tráfico e retirar esse traficante da rua. O que não temos como fazer é proteger a família por 24 horas.


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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