Osmar Terra diz que defender uso medicinal da maconha é mostrar desconhecimento

28 de janeiro de 20196min4
Sérgio Lima/Poder 360 - 20.jun.2017 e Wilson Dias/Agência Brasil
Sérgio Lima/Poder 360 - 20.jun.2017 e Wilson Dias/Agência Brasil

O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro do Desenvolvimento Social do governo Temer, afirmou que quem defende o uso de maconha medicinal “demonstra 1 profundo desconhecimento“.

“Essa história de defender maconha medicional demonstra 1 profundo desconhecimento. Sou médico, tenho mestrado em neurociência. Sei o efeito que a maconha tem nos receptores cerebrais, que recebem o THC [tetraidrocanabinol, responsável pelos efeitos alucinógenos da maconha]. De todas as substâncias que causam dependência química, é a que afeta uma maior extensão do cérebro“, disse em entrevista ao Poder360. A declaração foi dada nesta 6ª feira (23.nov.2018). 

O emedebista referia-se à entrevista concedida pela senadora Marta Suplicy (sem partido-SP) ao Poder360, publicada na manhã de 6ª (23.nov). A ex-colega de partido do congressista é relatora do projeto que libera o cultivo da planta Cannabis sativa. A proposta está na CAS (Comissão de Assuntos Sociais) do Senado. 

Osmar Terra tem 68 anos. É filiado ao MDB desde 1986 e deputado federal reeleito. Foi ministro do Desenvolvimento Social (2016 a 2018), secretário de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (2003 a 2010) e prefeito de Santa Rosa-RS (1993 a 1996). 

Em sua trajetória, destacou-se pelas posições proibicionistas em relação às drogas. Expõe as visões contra a legalização em seu site pessoal. E, ao Poder360, disse que Marta Suplicy “não entende nada da área medicinal“. 

“Admiro muito o trabalho da Marta Suplicy, mas ela não entende desse assunto. Ela não entende de área medicinal“, disse. 

De acordo com Marta, a liberação da maconha para uso medicinal beneficiaria pessoas que sofrem de males como Parkinson, Alzheimer, autismo e epilepsia. 

CÂMARA E SENADO SERÃO “ANTIDROGAS” 

O deputado não acredita que a proposta relatada por Marta avançará. Ao contrário da paulista, que disse que as pessoas “são conservadoras, mas não insensíveis“, o emedebista disse que em 2019 o projeto tem menos chances de tramitar pelas Casas. 

“O projeto não passa, não passa, não passa. Isso não tem como passar. A próxima legislatura será anti-drogas. Eu tenho 1 projeto [leia a íntegra] que endurece a política, e só não avançou porque os senadores seguraram. Vamos ver em 2019“, disse.

 CANABIDIOL É “UMA EM 450 SUBSTÂNCIAS“ 

O congressista afirma que o canabidiol –composto químico encontrado na cannabis e utilizado para combater crises epilépticas– é “uma em 450 substâncias” encontradas da maconha. Para o congressista, é necessário separá-lo. 

“O cigarro da maconha tem 450 e poucas substâncias, todas tóxicas. Você tem que separar. A morfina vem da heroína, por exemplo. Uma coisa é separar o canabidiol, que pode ter 1 efeito importante em epilepsias raríssimas, mas usar como desculpa para fumar maconha, para disseminar o uso com facilidade, você cria muitos problemas graves, sem volta“, disse. 

Osmar Terra compara o uso do canabidiol com o da bradicinina, substância encontrada no veneno da jararaca e base para remédio para hipertensão arterial. 

“Quando o bicho mordia, o humano morria após entrar em choque. Isolou-se a molécula da bradicinina, que é a substância que causa a diminuição de pressão. Você vê alguém receitando picada de jararaca? É o principal medicamento (captopril) usado para hipertensão arterial“, afirmou.

 “A médio prazo, a maconha traz danos permanentes: déficit cognitivo, de memória, uma espécie de retardo mental, quando não ficam esquizofrênicos”, complementou. 

O deputado encerra a conversa dizendo que o uso de maconha “tem que ser uma decisão científica, não política”.

 Fonte: poder360.com.br


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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