24 de novembro de 2025

Antônio Geraldo: uso da cannabis no Brasil – ciência, saúde pública e o debate que não pode ser adiado

24 de novembro de 2025124min68
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O PL 399/2015 reacendeu o debate sobre o cultivo de cannabis no Brasil sob o argumento de “uso medicinal”. Mas a ciência é clara: a planta in natura não é um medicamento. Ela contém mais de 500 substâncias químicas, variações imprevisíveis e ausência total de padronização, requisitos indispensáveis para qualquer fármaco seguro. Por isso, nenhuma agência internacional aprovou a planta como remédio, apenas compostos purificados como o canabidiol isolado.

As evidências científicas mostram riscos importantes: aumento de psicoses, prejuízos à memória e atenção, maior número de acidentes, alterações emocionais e potencial de dependência. Em um país com altos índices de ansiedade e depressão, ampliar o acesso a uma substância que pode agravar esses quadros é uma medida arriscada.

A experiência internacional confirma: onde houve flexibilização, cresceram o consumo, a dependência, as intoxicações e a presença de produtos com altos teores de THC. O tráfico não desapareceu; ao contrário, coexistiu com o mercado legal oferecendo produtos mais baratos.

Num Brasil emocionalmente fragilizado e com o SUS já sobrecarregado, mudanças legislativas desse impacto não podem ocorrer com pressa. O debate precisa ser técnico, responsável e transparente.

Conclusão: 

Diante dos riscos evidenciados e dos resultados negativos observados em outros países, recomenda-se que o PL 399/2015 não seja aprovado em sua forma atual, priorizando a proteção da saúde pública e da população brasileira.
 
 
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*Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG.

 

Imagem de Sergio por Pixabay


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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