Uso terapêutico da cannabis: o que o novo estudo da JAMA revela

2 de dezembro de 20253min29
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Um estudo publicado em 26 de novembro de 2025 na JAMA trouxe um panorama atualizado sobre o uso medicinal da cannabis e dos canabinoides. Nos Estados Unidos e Canadá, o uso é comum: cerca de 27% dos adultos já recorreram à cannabis para fins terapêuticos, e 10,5% utilizam CBD, um composto sem efeito psicoativo.

Apesar da popularidade, as evidências científicas ainda são limitadas. Atualmente, a Food and Drug Administration (FDA) reconhece apenas algumas indicações médicas para canabinoides: anorexia associada ao HIV/AIDS, náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia e certos distúrbios convulsivos pediátricos. As metanálises mostram benefícios modestos, como pequena redução de náuseas e leve aumento de peso em pessoas vivendo com HIV/AIDS.

Por outro lado, os riscos merecem atenção. O uso de cannabis de alta potência está associado a maior chance de sintomas psicóticos e transtorno de ansiedade generalizada. Estudos observacionais indicam que quase 30% dos usuários medicinais podem desenvolver transtornos por uso de cannabis. Além disso, o uso diário de cannabis inalada aumenta o risco de infarto, AVC e doença arterial coronariana.

O estudo também reforça que não há evidências suficientes para apoiar o uso da cannabis em diversas condições para as quais ela é amplamente divulgada, como dor aguda e insônia. Por isso, profissionais de saúde devem avaliar cuidadosamente cada caso, considerar possíveis interações medicamentosas e contraindicações, como gravidez, esquizofrenia e doenças cardíacas e orientar estratégias de redução de danos para os pacientes que optam por utilizar cannabis.

Conclusão: embora exista interesse crescente e alguns benefícios documentados, as evidências ainda são insuficientes para sustentar o uso da cannabis na maioria das indicações médicas. A decisão deve ser tomada com orientação profissional e análise equilibrada entre riscos e benefícios.

Link: https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/2842072

Imagem de Julia Teichmann por Pixabay


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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