Dois meses após operação na Cracolândia, moradores da região admitem melhorias

26 de julho de 20175min357
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Por Jovem Pan

Quem mora e trabalha na região afirma estar mais seguro, apesar da aglomeração de usuários próxima à Praça Júlio Prestes

Dois meses após a operação policial na Cracolândia, moradores de Campos Elíseos admitem melhorias na região, mas ainda se sentem inseguros. A Rua Helvétia e a Alameda Dino Bueno, que antigamente eram tomadas pelo tráfico de drogas, estão liberadas e o policiamento é constante.

O antigo fluxo, que logo após a ação da Polícia migrou para a Praça Princesa Isabel, agora, está concentrado na Alameda Cleveland. Segundo a Prefeitura, nos horários de maior movimentação, cerca de 600 pessoas consomem crack no local; até então eram 1,8 mil.

Quem mora e trabalha na região afirma estar mais seguro, apesar da aglomeração de usuários próxima à Praça Júlio Prestes.

O coordenador do programa Redenção da gestão municipal, Artur Guerra, descreveu qual é o perfil de usuários de drogas que permanece na região. “Metade dos usuários aceitam conversar e aceitam encaminhamento para algum local onde eles possam receber uma atenção melhor. Metade não aceita”, disse.

O médico Arthur Guerra reforçou que há dependentes químicos de outras cidades e até estados que estão procurando tratamento na Cracolândia.

O coordenador do Recomeço – programa estadual que atua na região, Ronaldo Laranjeira, avaliou que os usuários estão buscando mais o tratamento: “eles ficaram menos reféns do tráfico e podem ver um pouco mais da ação do Estado e do município”.

O psiquiatra Ronaldo Laranjeira reforçou que as próprias equipes de saúde tinham dificuldades de entrar no antigo fluxo.

A operação policial do dia 21 de maio recebeu duras críticas de algumas entidades, inclusive, do Ministério Público do Estado.

Hoje, a promotora da Infância e Juventude, Luciana Bergamo, entende que Prefeitura e Estado se aproximam do que havia sido negociado antes da ação: “o que nós vamos fazer é continuar acompanhando. Não temos condição de fechar um balanço ainda”.

A Prefeitura anunciou um plano de reurbanização do local com a demolição de dois quarteirões e a construção de casas populares e equipamentos públicos.

O projeto foi interrompido depois que uma máquina derrubou o muro de um prédio que ainda estava ocupado, deixando três pessoas feridas.

Segundo o secretário municipal de governo, Júlio Semeghini, até agosto, as famílias começarão a receber o auxílio-aluguel, após a eleição do conselho gestor da área: “constituiu o Conselho, aprova os benefícios, eu já posso ir pagando”.

Júlio Semeghini negou precipitação da Prefeitura na demolição, mas reconheceu que houve um erro ao não se identificar outras entradas no imóvel.

Tanto a Prefeitura quanto o Governo do Estado afirmam que a operação para acabar com o consumo de drogas na Cracolândia é de longo prazo.

Segundo a administração municipal, cerca de mil dependentes químicos foram internados desde maio em leitos hospitalares e comunidades terapêuticas.

*Informações do repórter Anderson Costa


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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