Merging alcohol giants threaten global health

2 de junho de 20166min6
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Tradução livre do Editorial da BMJ sobre a fusão das maiores empresas de cerveja no mundo. Um alerta, especial ao Brasil onde o alcoolismo é endêmico, com todas as repercussões na saúde, na violência e econômicos. Precisamos normatizar as propagandas, controlar o consumo e venda de bebidas alcoólicas para menores, controlar os pontos de venda e seus horários de venda. A lei seca ligada a direção foi excelente e devemos mante-la.

Editorial
Merging alcohol giants threaten global health
BMJ 2015; 351 doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmj.h6087 (Published 17 November 2015)Cite this as: BMJ 2015;351:h6087

As duas maiores fabricantes de cerveja do mundo, a Anheuser-Busch InBev (AB InBev) e a SABMiller, se uniram num negócio de US$ 106 bilhões. Este é o terceiro maior negócio da história corporativa, sem dúvida um marco no mundo empresarial global. O que isto pode significar para a crescente epidemia de efeitos nocivos do álcool entre os países de baixa e média renda?

A empresa produzirá um terço de toda a cerveja vendida em todo o mundo e será líder de mercado em 24 dos 30 maiores mercados do mundo. Todos sabemos que as fusões de grandes companhias são impulsionadas pela perspectiva de expansão nos países em desenvolvimento. Esta intenção é explícita pela AB InBev, ao vender a ideia para seus investidores, quando destacou que ambas empresas eram fortes em “regiões emergentes com fortes perspectivas de crescimento, incluindo a África, Ásia e América Central e do Sul”, com uma ênfase particular na África, considerada por analistas econômicos como a “fronteira final para a cerveja”.

Na saúde, o crescimento do mercado nesta escala baseia-se em “explorar o consumo de cerveja na África, atingindo principalmente os consumidores de baixa renda para impulsionar o aumento das vendas”. A trajetória expansiva é semelhante ao que já foi feito pelas industrias multinacionais do tabaco, em termos de ações estratégicas e empresariais. A própria SABMiller é dona de 27% das ações da gigante de cigarros Altria (produtora do Marlboro).

As agências globais de saúde têm agido de forma incisiva com estas indústrias, por terem um conflito de interesses com a saúde pública. De fato, esta fusão de grandes empresas da área de bebidas alcóolicas representa uma grande ameaça para a saúde global, ao qual pesquisadores, financiadores e reguladores devem responder de forma mais eficaz. As novas metas de desenvolvimento sustentável oferecem neste caso, oportunidades de ação através do foco na redução da mortalidade por doenças não transmissíveis, incluindo o reforço da prevenção e tratamento do consumo nocivo de álcool. É importante ressaltar que a meta também inclui um compromisso de reforçar “a capacidade de todos os países, em especial os países em desenvolvimento, para o aviso prévio, redução de riscos e gestão dos riscos nacionais e globais de saúde.”

O risco da expansão da indústria global deve ser mitigado, através de regulações também agressivas. Embora exista uma regulamentação, consequente a grandes esforços que surgiram para controlar as empresas transnacionais de tabaco, a indústria global de álcool continua a ocupar um espaço ambíguo, onde convivem efeitos graves para a saúde com perspectiva de parcerias e objetivos compartilhados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) é estrutura emergente que deve servir de mediadora com organizações de atores não-estatais, para que ao trabalharem em parceria com estas indústrias, assim como acontece com as indústrias de tabaco e de armas, não façam menções específicas ao álcool.

A saúde pública deve, portanto, fazer mais para garantir que o conflito de interesses com as empresas de álcool seja reconhecido e abordado. Seria um ponto de partida reconhecer tais conflitos nas interações da OMS com atores não-estatais, e protegendo-se contra eles na mesma base do que foi feito com o tabaco.

http://www.bmj.com/content/351/bmj.h6087


Sobre a UNIAD

A Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD) foi fundada em 1994 pelo Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira e John Dunn, recém-chegados da Inglaterra. A criação contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Inicialmente (1994-1996) funcionou dentro do Complexo Hospital São Paulo, com o objetivo de atender funcionários dependentes.



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